sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Prelúdio do esquecimento

Poderia dos bens esquecer-me,
crucificar-me - frio -
sobre o asfalto derretido,
mas sinto dizer que é muito tarde.

Milênios se passaram, nos míseros,
ínfimos instantes, da consolidação
até a desconstrução dos sonhos de areia
que padecem do vento e do frio.

Mas a noite escura há de chegar,
e rezo, imploro, que chegue a todos,
e mais de um entenderá, que a morte,
tão bela e alegre, há de se eternizar.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Isn't it something

Isn't it great how dreams were born?
Tomorrow bear the wonders,
today bears the fear of it.
Isn't it something...
Isn't it marvelous to seek,
desperately and in sickness,
for  that other fashion -
that other way which you know -
you cannot pass it by.

domingo, 21 de novembro de 2010

Tão, tão distante...

Quando o amanhecer preludia o dia ainda por vir,
os olhos insones contemplam este inferno:
o meu acordar sem sentir teu corpo bulir,
a tua respiração quente e o teu toque terno.

Se fosses tu desnecessária ao meu viver,
se fosses tu somente a feliz ilusão,
poderia desfazer-me de meu bem-querer
e ansiar por minha auto-destruição.

Forjado no sangue carmesim pelo fogo,
o duelo da paixão e da dor forma um jogo
cujo vil dever é fazer sacrificar

Cada parte desta nossa ingênua saudade,
que, sabemos, é maior que a realidade,
como este amor que nos permite respirar.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Rétribuer

Porto inseguro que me tornei,
o sorriso da boca lhe fugiu
com as memórias suas
de ausências minhas,
estas das quais eu era  o rei
que lhe tomava o corpo servil.

Se de suas mágoas fiz o meu desejo,
mais ainda alimentei-me do teu prazer,
fui a formiga e você, a rainha,
que coroada da própria tirania
fez do amor para ruína o ensejo,
l'opportunité de ne pas récompenser...

domingo, 24 de outubro de 2010

Transição

Fiz de teu sorriso
minha mais pura alegria.
Fiz de tua virtualidade irreal
a presença onipresente
em meu escuro viver.
Nos dias da pulsante solidão,
escondido fora dos mapas,
fora do ar e do radar,
teu perfume ideal me consome,
dá-me o norte e o sentido.
Meu querer se tornou absorto
em tuas linhas perfeitas,
absoluto em tua posse.
inexistente em tua ausência...

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Em vão

Declarei amores desesperançados,
clamei por missões alheias,
tomei parte dos mais fracos
e me escondi dos mais fortes.

Fui chamado de poeta
nesta plenitude de minha
insípida mediocridade.

Devorei livros, sonhos,
aspirações e medos
em busca de algo
que todo homem deveria saber.

Algo que, em sua generalidade
amalgamada perfeita,
liberta a essência imutável
desta alcatéia semi-humana.

Inquieto, em agonia profunda,
procuro o trabalho divino
que Deus, em seu glorificado repouso,
recusou no sétimo dia,
condenando-nos todos
à busca infame e eterna
por sua inexistência.

sábado, 9 de outubro de 2010

Em um reino muito, muito distante...

E agora?
Onde foram os dias
em que sonhava apaixonado
com teus olhos e teu toque?
Onde te escondeste,
fugida de meus abraços?
Onde coloquei minha cabeça?
Troquei esperanças
por nossa felicidade,
troquei este coração meu
por carregar maravilhado
um pequeno pedaço do teu.

De segunda a sexta...

Poupe meus olhos
de sua ternura longínqua,
de seu correio celestial,
de seus anseios e dúvidas.
Dentro do turbilhão,
no vazio inexorável
de sentimentos unilaterais,
o gozo e a alegria alheia
gentilmente sobrepõem-se
sobre o indivíduo.
Minha cara, digo-lhe aqui,
que meu amor jamais,
em todo e qualquer tempo,
seria demonstrado.
Meu amor é verdadeiro,
a paixão é contínua,
e a demonstração,
meu anjo,
é a essência...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Presidenciável

Que dancemos ao som
do caos sistemático
que nos é imposto.
Que choremos a ignorância
e a liberdade que reside
apenas em versos.
E, então, votemos.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Dois

Mil invernos passariam por nós
e os medos dos erros ecoariam.
Nossos gritos soam juntos no instante
memorável dentro destas memórias...
Descontruo minha vida tão incógnita
por sobre a tua em portentosa união,
unidade divina esplendorosa,
equilíbrio acalorado contente
da dualidade única e amorosa
de nossa existência tão ímpar quanto ávida,
do sonho perfeito de tua paixão...

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Meu

Tal qual só poderia ser meu,
abstração encantadora possessiva...
Tais linhas só poderiam ser tuas,
adoração silenciosa toda minha...

sábado, 4 de setembro de 2010

O luto e o tempo

          Ela chorou quando caiu finalmente em si. Ele, imóvel, encarava o teto, de braços cruzados, sentindo as mornas lágrimas serem derramadas sobre sua face. Todos seus desejos haviam se condensado num momento amorfo dissipado entre seus dedos quando foi agarrado. Os dois eram um dividido por dois, e todos sabem, meu amigo, que cortar um em dois não forma dois uns. A mão dela apertava a dele, inerte. Por mais que fosse triste, para ele tudo era somente insípido. A maquilagem borrada pela água salgada, as roupas pretas, as cabeças abaixadas.
          O desprezo nos olhos do homem pálido era compensado pelo arquétipo mal formado de amor nos dela. Ele também estava de luto, só não entendia o porquê. Ela era tanto e tão insignificante ao mesmo tempo. Ele enxergava ingratidão nos olhos dela. Ela enxergava medo nos dele. Ela segurava, ele desvencilhava-se sem se mexer. Ela queria desaparecer no vazio de seus sentimentos. Ele havia desaparecido. O tempo é inseparável da vida, mas o contrário não é recíproco. Ele é o tempo, ela é a vida. Ele a acompanha, de longe, olhando os tropeços e as aberrações. Ela se apega ao que conhece e o teme, pois ele veio, vem e sempre virá.
          Mas o tempo passa, e quando a vida percebeu, já havia passado tempo demais, meu amor.
          Quando a vida percebeu, o tempo era de outra vida.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sob um céu sem cores...

... todas as vezes são as últimas,
e todas as últimas são as primeiras.
Toda valsa foi dançada
pelo ar dançarino que respiramos.
Toda vítima é cúmplice
do crime que sofreu.
Tudo é patético,
quando nada mais importa.
Tudo  não deveria existir,
assim como o nada existe.
Toda generalização é amorfa.
E mentirosa.

domingo, 22 de agosto de 2010

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Bem antes da salvação

Se aqui te chamo de musa,
comprovo os pontos de vista,
meu, do talentoso Nattier
e dos ideais perpétuos
da beleza tão perfeita.
Se dos teus passos as flores,
as mais belas flores, surgem,
a fantasia dos sonhos
faz desta vida a alegria,
pois tenho a felicidade
nos braços da minha Tália.

sábado, 14 de agosto de 2010

Escolhas cegas

O carrossel corre inquieto,
suas belas engrenagens
contam com a eterna chuva do tempo,
para prosseguirem com este movimento
confuso, atordoado...

Sobre os cavalos coloridos,
branco, vermelho, preto e baio,
sentei-me a espera da revelação,
aguardando a iminente chegada.

Chegada esta incógnita,
anjos ou demônios, qualquer um,
cairiam sobre mim.
A fúria ou a paz, ou seria, talvez,
a paz ou a fúria?

A luta atormenta a placidez
de uma mente cujo descanso é negado,
por seres celestiais ou infernais,
de olhos azuis ou muito verdes,
dedicando o tempo eterno do carrossel
para tamanha jornada.

E se o anjo tivesse na sua ternura
horário marcado, terreno delineado,
não seria melhor repousar na dedicação
incansável da tortura ininterrupta,
das colisões infernais de pensamentos,
sentimentos e fugas esquecidas,
esquecidas no tempo
em que o carrossel era um brinquedo
e o tempo, um relógio?

sábado, 7 de agosto de 2010

Semanal

Veio, como um anjo,
repleto de graça,
o sorriso de gestos simples
acendeu a alma minha.
Se não fosse breve
e levasse consigo
toda a alegria que irradia,
se não fossem as dúvidas
e o mal explicado.
As visitas nada periódicas,
a esporacidade do toque,
os baús e suas sete chaves,
escondidos sob sete palmos
de angustias e terra pobre,
tomam, aos poucos,
minhas razões, meus motivos,
meus caminhos, meu futuro...

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Para um certo alguém

Ah, se eu fosse simples
e os compassos, quarternários,
se soubesse mais,
mais sobre palavras
e não fizesse do contraponto
meu principal argumento...

Ah, se eu indagasse será,
confundisse gigantes com dragões,
se ainda fosse cedo,
se o tempo não parasse
e a forma não fosse sonata...

Ah, se não fosse o pedantismo
de um mundo meu tão erudito,
talvez você soubesse menos,
menos sobre a matemática,
e mais sobre meu amor.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Fantasia

Atrás daquela porta,
estão os lençóis
que aquecem a donzela.

Atrás daqueles olhos,
está o puro coração
que tomou para si meu amor.

Atrás dela,
está a fila de sonhos
à espera da realização.

Atrás de mim,
estão os estilhaços
dos espelho quebrados
no caminho da perdição.

Atrás daquele sorriso,
está a felicidade sincera
e simples de um dia ensolarado.

Atrás daquelas lágrimas,
a inconformação pueril
com o errado.

Atrás daqueles suspiros,
a paixão que encontrei
sob os destroços de meu passado.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Por nada

Não era de meu conhecimento
que fins distintos ajudariam
na formação de novos,
que primeiras, segundas,
terceiras e milésimas tentativas
eram sempre diferentes,
que fracassos e mortes
tornariam plausíveis vidas inúmeras.
Não sabia que o bem que não fiz
voltaria para me assombrar,
rechaçando qualquer tépida chance
de um momento feliz...

terça-feira, 27 de julho de 2010

Busca

Por mais que eu procurasse, até mesmo afoito e desesperado, sabia que tal busca era apenas uma desculpa para não deixar tudo ir pelos ares, somente algo em que pudesse me segurar. A desesperança colaborava com a condição de continuar sempre em frente, porque não havia um motivo para ficar parado, não havia alguém cujo abraço pudesse confortar, e o material sempre me foi mais do que desnecessário. Minha ambição era uma, e inatingível, procurei por 'a woman who's never never never been born'. É, Plant. Eu ganhei. Eu a encontrei, e você não.

Busca


Quantas histórias estão
escondidas por detrás
deste par de olhos que tanto
encantam os tolos meus?
Este encanto fez o canto
que apazigua e me recolhe
em braços brancos e mornos,
que dos descasos tomou
a tal oportunidade
de, gentil, levar-me aos céus,
entre nuvens combustíveis
e o horizonte inatingível,
a alva musa de meu ser
espera por este beijo
fugitivo que a persegue.
Mal sabe o anjo destes outros
desesperados anseios
correndo em sua direção,
desejosos de seu corpo,
de sua sussurrada voz,
de seu calor inerente,
de sua mão angelical,
de sua trêmula volúpia
inaudível ao pobre homem...
E no silêncio dos gritos
de um homem mais que insano,
imploro por tua presença,
pelo adormecer da alma
minha no seio tão lindo
desta sua inexistência.

sábado, 10 de julho de 2010

Primeiras Impressões

A noite era cálida, solene. Muitos passavam à minha frente, aos meus lados e acredito que até atrás de mim, embora fosse difícil provar, mas nada fora do comum, nada extraordinário que pudesse lembrar remotamente meus arquétipos de felicidade. Sentei-me ao bar, com uma bebida na mão, e observei atento o vai e vem de pessoas através das portas. Meus olhos pesavam entediados quando novamente a porta se abriu, e naquele breve instante, pude ouvir cada murmúrio das gotas d’água que atingiam o chão, cada uma delas trazendo a sublime mensagem sobre a torrente avassaladora que me consumiria. O mundo encolheu, tornou-se mais simples, menos clássico ou erudito. Meu mundo adentrou a terra do sonhar, do ideal, do perfeito, do mais singelo equilíbrio. Seu corpo esguio, seus longos cabelos dourados, suas faces angelicais... Meu mundo colidiu com o de um serafim de asas partidas, que delicadamente chamava minha atenção. Mas quantas linhas mais poderiam durar aqueles milésimos de segundos referentes á minha jornada até o paraíso?
Meu anjo de asas espatifadas olhou-me direto nos olhos, e como se atravessasse minha alma, conheceu-me desde menino, e fez de mim um moleque. Apenas um mísero, ou talvez humilde, moleque cujas faces tingiram-se com a cor do sangue.
Por Deus, persigo aqueles olhos castanhos desde então, procurando a coragem para ser simplesmente verdadeiro.
“Com licença, não quero te assustar, mas... É que... Pela primeira vez eu tenho certeza disso...” O comum face ao absoluto é tímido.
“Simplesmente te amo.” – e me satisfaço neste mero ato de te amar.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Do finito infinito

A ideia de dois olhares dispersados
Em diversas cenas de iguais horizontes
Concebe o absoluto e sincero silêncio
Que nega a obrigação  deste sentimento.

Aqui, qualquer formalidade é dispensável
também quaisquer sortes de solidão e angústia.
Seu sono e minha pressa são o meu tesouro,
meios de impor-lhe ao rosto o sorriso eterno.

Mas de que se vale o instante frente o eterno?
Veja o tempo crepuscular morto,
momento perdido para a escuridão.

Pois que o imortal chore a pureza do infindo!
Morro com o crepúsculo, pois contigo
o instante é contínuo e se chama paixão.

sábado, 3 de julho de 2010

Hoje

Pensei há pouco: e se hoje não acabar?
Amanhã talvez não valesse a pena,
talvez seu sorriso não durasse
e sua alegria não fosse plena.

Se  hoje não acabar,
o céu permanecerá muito azul,
as estrelas brilharão tanto quanto ontem,
a lua encontrá o sol
e ambos dividirão a mesma luz.

Mas ponteiro rebelde corre,
o sol cai, a lua sobe,
as estrelas brilham como nunca
e encobertas pelas nuvens morrem,
em suspiros agonizantes da meia noite
preconizam minha absoluta conclusão:
a frieza da ausência só se equipara ao toque de sua mão.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

A última vez que ouvi "eu te amo"

Nós acreditávamos
que o futuro seria melhor,
a esperança
seria a última a morrer
e nós desejávamos
para mais que um.
A união não se resumia a dois,
as mãos se apertavam
em correntes inquebráveis,
a dor dava lugar a idéias.
Sentia você ao longe,
não admitia mentiras
e dedicávamos nossas almas.
Amávamos Sophia e seus amantes
em nossas inesquecíveis orgias,
agora ofuscadas
pelo oblívio e pelo tempo.
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Leiam a letra da música que está tocando, vale a pena. É uma das mais bonitas que já vi. =)
http://letras.terra.com.br/bad-religion/2989/traducao.html

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Tudo

Eu queria,
naquelas noites de outono,
esperar o frio morrer
e aquecer meus medos
com sua voz e sua mão.
Fazer do dia o para sempre,
do começo, o infinito
do inverno, o nosso verão.
Encostar-me na parede,
puxar pelo braço um abraço,
e recluso permanecer...
Ah, como eu queria,
queria ser tudo,
que talvez seja nada
do que você queria ter.

domingo, 20 de junho de 2010

Palavras e pausas

Algumas palavras, simples e coesas,
simplesmente não deveriam ser ouvidas.
O silêncio, algumas vezes, é tudo
o que é capaz de ligar dois entes...

Quando o silêncio se perde,
e as palavras proferidas não deveriam ser ouvidas,
nada mais resta:
os milagres punem e os pecados salvam.

De nossa salvação, restou o pecado,
de nossa dor, o milagre,
de nós, o passado.


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Odeio meus versos livres.

sábado, 19 de junho de 2010

Segredos

Sou criança idealista, apaixonada. Encantada com as simplicidades mais simples do cotidiano mais diário. Mas a todos vocês, jamais me surpreendo, jamais me curvo, jamais sorrio. Sou homem bufão, romântico. Faria de tudo pelo sorriso de minha lagarta listada. Sou jovem rebelde, incompreendido e incompreensível. Não consigo conceber a idéia de ser tão diferente e tão igual ao mesmo tempo. Sou moleque idealista, assustado. Com medo de encarar o mundo, perplexo, e desabar frente às vicissitudes ainda não enfrentadas. 

quinta-feira, 17 de junho de 2010

O descompasso e o fim abrupto

Se minha tão querida oitava é inacabada,
diga como entao deveríamos viver?
Se tal perfeição não será perpetuada,
diga-me porque nós deveríamos viver...

Se as notas só param quando o onírico surge,
se os dias só rastejam enquanto a noite morre,
se esta mente repudia a ideia e o peito urge,
se nem mesmo a ti este desespero recorre,

Diga porque nós deveríamos viver...

terça-feira, 8 de junho de 2010

Um

A normalidade se refere ao um,
não a padrões bizarros
que estereotipam estereótipos.
As sensações, a angustia,
a ausência da percepção
de qualidades diversas
corroem a razão de ser do ser:
a impotência do um
frente a pelotões marginalizados
é ignorante e corrosiva.
Um é sempre importante,
e ainda assim, nunca importa.

domingo, 30 de maio de 2010

Por não ter o que dizer

Se aqui lhe escrevo versos
brancos como sua pele,
assim o faço apenas
por dois simples motivos:
porque a letra me poupa
da imprudência da fala
e por que meu fracasso
em furtar-lhe deve ser,
no mínimo, ritmado.
Mas não façamos disso
um motivo de alarde.
Por mais que eu assim deseje,
seu peito não saberá
a ínfima parte que for
sobre a rima escapada
ou este texto de meu amor.
Por não ter o que dizer,
esta simplicidade
se resume em minha fé
em você não ser triste,
sem propósito ou ambição,
como estas que aqui a cercam.
Procure em si este valor
que tanto me fascina,
que lhe fez minha musa,
que faz do colorido
de sua bela presença
luz no fúnebre escuro
desta minha cegueira.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Experiência

A repetição não faz sentido, é contra o bom senso e é rotineira. Ainda assim, é sempre especial, peculiar ou algo do tipo. Talvez o que segue não será lido, talvez seja. Enfim, não importa, ou talvez não saibamos mais o que importa. No fim, tudo não passou disto.

Experiência

Cruzes e credos cruzam os cruzamentos
de ideias bagunçadas no pensamento
que pensa pensante sobre o tudo e o nada,
nesta reflexão de uma mente acabada...

Mas o momento nem chegou e já foi embora,
mas hoje o dia foge antes que eu conte as horas,
não aguento desculpas para não viver
e engano àquilo que finjo conceber.

Minto para as mentiras e as amizades,
para o prazer, a vida e a felicidade,
ouço inquieto as linhas do obituário

enquanto esperanças se chocam sozinhas,
cruzo cruzamentos carregando a minha
ignorando anos e anos do calendário

terça-feira, 11 de maio de 2010

Sob a perspectiva de um pesadelo

"If I die tomorrow I'd be alright..."
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Sob a perspectiva de um pesadelo


A fé sozinha não mais pode sustentar
minha utopia desta humanidade humana!
Minhas crenças de que o bom pode triunfar
são engolidas pela tua mensagem profana,

E minhas referências são alheias a todos
estes que são tão certos quanto ignorantes,
arraigados às falsas morais do lodo
que gritam e o chamam de lar, agonizantes.

Mas de que vale tão penosa reflexão
posto que eles não a ouvem, nem jamais ouvirão?
Observo as folhas lutarem contra o vento

enquanto os olhos sangram com medo da dor
de ver somente estes tempos sóbrios de horror:
Momentos que não valem tamanho tento.
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"...because I believe that after we're gone, the spirit carries on" - Dream Theater

sábado, 1 de maio de 2010

Entre aspas diversas

As vezes a ausência se torna tão comum, que o meio cheio gera tamanha indecisão... Completo então, é mais do que a cabeça entende, e o coração dispara estranhando tudo, apavorado. Esquisito, somente... Esquisito.

Entre aspas diversas


Herético saber que nega este meu amor,
por que confunde tanto meu olhar cansado?
Não pude esperar por teu instinto acolhedor
socorrer insano o teu futuro amado,

pois ela, a antiga fulana evoluiu!
Não mais é apenas um lindo invólucro de ar.
Ela carrega, lá dentro, infeto covil,
segredos de dor inquietos a esperar...

O peito urge mas a mente repudia,
como pode ser tão bela quanto fria?
A reflexão nega e se torna ofensa,

verga-se a este  meu pensamento ilusório,
entre aspas me prende, vivo no purgatório
com esta imagem que é minha recompensa.

sábado, 24 de abril de 2010

Interpreta-me

Anti-comercial e politicamente incorreto (através de metáforas, é claro)

Interpreta-me

Sou um verso livre, natural e deformado.
Sou um protótipo de cachoeira
Culminado num esgoto de ofensas,
Podre e fétido como estes que interpretam
Minha humilde presença

De todos estes aqui expostos,
Choro pelos renegados que fugiram
Para a batalha pela aceitação do mundo,
Antes que percebessem que o lugar é imundo

De tantas dores, tantos fracassos
Tantos amores, tantos fiascos...
Sou o riacho deformado do São Francisco,
Presumo que sejas tu o imponente Nilo

Mas tu não me subjugas, bastardo.
Teu parto foi longo e doloroso,
Teu sono em putrefação é amargo,
Teus olhos só brilham quando pelo sol cegados.

Ora, interpreta-me aqui, pois nasci
Do nada, e a ele retorno quando quero.
Cresci sozinho, em uma pequena explosão,
E meus olhos se escondem do sol

Para guiar-te na escuridão.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Memórias

A memória incide
impertinente e incoerente.
Os desejos concedidos com o tempo
se tornam meras memórias 
a serem apagadas,
se tornam o mais célebre pesadelo,
a mais oblíqua das madrugadas.


E nada parece proporcionar
o alívio referente ao oblívio,
nem mesmo sei mais 
se lembro tudo que lembro
ou se lembro das confirmações alheias
sobre minhas lembranças.


Ninguém parece conceder
a uma memória
despropositadamente detalhista
a benção de se perder...


O turbilhão de imagens e sons
corroe meu pensamento,
o tornam ineficaz,
me esvaziam aos poucos.


Sinto o sangue esvair 
por cada poro de meu corpo,
ele se mistura com o ar,
num fétido vapor carmesim
de momentos passados
e inconclusivos.


Afinal, são eles
momentos passados mesmo,
ou confirmações alheias 
sobre minhas vivências?

domingo, 11 de abril de 2010

Perseguição celeste


Para encerrar o momento platônico:

Perseguição celesteNegrito

Se tais versos não fossem
caprichos de minha dor,
eles seriam sublimes
para todos que não vêem,
imaginam ou sentem
tal peso excruciante.
Será que minhas formas
são fétidas ou grotescas
a teus pequenos iguais,
impassíveis de meu amor?
Talvez seja você alta,
maravilhosa demais
para que se contente
em exaurir minha luz.
Foges desesperada
de meus gentis abraços...

Ou serei assim mais feliz,
por viver em sua busca,
sem jamais descobrir
que minha querida Lua
não passa de uma pedra
branca jogada nos céus?

sábado, 10 de abril de 2010

Mais

Platonismo...

Mais

De frente para as plantas
ela pousa, serena,
cálida e intrigante,
emana estranha aura
cuja luz e o perfume
absorvem-me num ato
estranho de inerente
dor, repleta do amor
mais incoerente que
sou capaz de conceber.
A dor forma-se pela
ausência de seu toque,
tão sublime quanto meu
prelúdio celestial,
obra na qual é você
a solista mais cara,
mais doce, mais perfeita,
mais minha do que jamais
seria sem estes sonhos...
___________________________________________

Comentem =)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Epigramas ou quase isso

Postagem rápida, escondido no PC da faculdade.
Boa pequena leitura. :D

Inexistência

Aclamada liberdade,
Tão pura quanto meu belo amor,
Aquele fictício e ignorante...
E és tão possível quanto ele também.
Cheguei a ti, amada liberdade...
Inexisto.

Epigrama de Aço

Meu trajeto robótico
Tornou-se hoje mais humano:
Umas sorriam, e uma senhora
Pedia canetas aos jovens...

Epigrama Estatal

E minha verdade diz apenas que,
Apesar de todo-poderoso,
O maior entusiasta do biodiesel
Só cansou-se de suas cachaças...
Final de 2009
_________________________________
Comentem, ein? =)

quarta-feira, 31 de março de 2010

Quanto ao fim...

Não há nada melhor para começar algo do que tratar de seu fim, não?


Postarei nesse espaço as tranqueiras que eu escrever durante meu tempo livre. Mas para começar, colocarei aqui um poema de mais de três anos, que, se bem me recordo, foi o primeiro que mostrei a uma pessoa.

E assim seguem os versos de uma trajetória um tanto quanto conturbada:

Quanto ao fim...

Começo pela abertura dos russos, ¹

Em caprichos² faço-me excluso
Da Lua cheia³ que quase ofusca o tempo
E aí finda vida a Ária na corda Sol*

Lembro bem quando todos festejavam
Eram felizes, e, quietos, indagavam
Se o tal romantismo em minhas visões
Não eram decrépitas ilusões...

O tempo fez-me maior, mais mesquinho,
E incompreendido, as breves sutilezas
Na vida feita em prosa perdem a beleza

Navego então no céu negro,
Guiado por um pequeno pontinho,
Alvo, branco como a pureza apostólica
Que transpõe aqui minha poesia bucólica

E de repente, mostra-se um único jeito
Um caminho, que ignora qualquer labor,
Sangue, linhagem ou confortável leito,
E essa passagem alva me enche de horror

Seus raios me consomem fulgentes
E na arrogância de minhas palavras,
Perdoe-me se não deveriam ser rebuscadas,
Fazem de mim um corpo incandescente.

07/02/2007
____________________________________________
Notas: Referências às seguintes composições: ¹: Abertura 1812 – Tchaikovsky; ²: Capricho nº. 13 – Niccolo Paganini; ³: Sonata ao luar – Beethoven; *: Ária na corda Sol – J. S. Bach;
____________________________________________

Por favor, comentem, mesmo que o poema tenha lhe causado repulsa.