quarta-feira, 31 de março de 2010

Quanto ao fim...

Não há nada melhor para começar algo do que tratar de seu fim, não?


Postarei nesse espaço as tranqueiras que eu escrever durante meu tempo livre. Mas para começar, colocarei aqui um poema de mais de três anos, que, se bem me recordo, foi o primeiro que mostrei a uma pessoa.

E assim seguem os versos de uma trajetória um tanto quanto conturbada:

Quanto ao fim...

Começo pela abertura dos russos, ¹

Em caprichos² faço-me excluso
Da Lua cheia³ que quase ofusca o tempo
E aí finda vida a Ária na corda Sol*

Lembro bem quando todos festejavam
Eram felizes, e, quietos, indagavam
Se o tal romantismo em minhas visões
Não eram decrépitas ilusões...

O tempo fez-me maior, mais mesquinho,
E incompreendido, as breves sutilezas
Na vida feita em prosa perdem a beleza

Navego então no céu negro,
Guiado por um pequeno pontinho,
Alvo, branco como a pureza apostólica
Que transpõe aqui minha poesia bucólica

E de repente, mostra-se um único jeito
Um caminho, que ignora qualquer labor,
Sangue, linhagem ou confortável leito,
E essa passagem alva me enche de horror

Seus raios me consomem fulgentes
E na arrogância de minhas palavras,
Perdoe-me se não deveriam ser rebuscadas,
Fazem de mim um corpo incandescente.

07/02/2007
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Notas: Referências às seguintes composições: ¹: Abertura 1812 – Tchaikovsky; ²: Capricho nº. 13 – Niccolo Paganini; ³: Sonata ao luar – Beethoven; *: Ária na corda Sol – J. S. Bach;
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Por favor, comentem, mesmo que o poema tenha lhe causado repulsa.