domingo, 27 de março de 2011

Entre a lâmina e o abismo

Entre a lâmina e o abismo,
entre as glórias e os orates,
sou humano, livre da culpa de pecar.
Falível - falido -,
a consciência fomenta o medo,
o medo tritura a alma,
a alma molesta o corpo.

Dedicadas a beleza perdida
de um mundo atrasado,
minha prisão de vidro,
minha proteção do tempo
e minha ética arcaica
despedaçaram-se em segundos.

Ente desprovido de direção,
sou exemplo incomparável
da teleologia mal construída.
Videiro da vida alheia,
a voz que ecoa em mim
suscita o ocaso...

Temo pelos bosques,
pelos rios e pelas crianças:
se sou esperança,
o que espero dos que não são?

quarta-feira, 9 de março de 2011

Inside my very mind

Veja, com "belo" e "anil" fazemos o céu gracioso. Sílaba por sílaba, letra por letra, desconstruímos sua vida e a mergulhamos nos seus sonhos ainda não sonhados, nas ilusões que se formam enquanto os olhos percorrem espaços de preto e de branco, ou amarelo, ou bege... Somos binários, como você. Existimos ou não, e tudo depende de sua disposição de explorar. Por entre as cavidades de seus olhos, sedimentamos bloco por bloco das imagens mais inesquecíveis que poderia conhecer: já andou em hipopótamo e já visitou o inferno, já foi à inquisição e às guerras mundiais. É, portanto, quando deseja, detentor do mundo, desde que pague o devido preço a mim, interrogação, e minha parceira - a exclamação. Somos nobres, damos muito e pouco cobramos. Diria que apenas seu tempo, e uma utilização hoje excêntrica dele. Somos conteúdo e novidade, informação e inovação, conversa e romantismo - ou realismo, parnasianismo, modernismo, ismo, ismo, ismo... Palavras mortas que dão origem a palavras novas, palavras que contagiam todos nossos sentidos e nos fazem covardes, corajosos, humildes e prepotentes em menos de um dia. Conosco, você é tudo.
Você, ignorante deve ser se de nós quiser desfrutar. Você é o leitor.
Damo-lhe dicas: uma interrogação não nasce em si própria, e sua exclamação não vem da mente alheia.
Uma interrogação é quase sempre desconhecida e uma exclamação, inexplorada.
A interrogação percorre o mundo, de prateleira em prateleira, para chegar à todas as exclamações que conseguir.
Somos essência.

Apresentamo-nos pois seria demasiada falta de educação não o fazer. Sou autor e esta é minha parceira: sua imaginação.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Poema da triste lua

Se a alma aparece por entre teus olhos,
tens a mais perfeita existente,
e em teus mares luminosos
afogarei meus brilhos sujos...