domingo, 30 de maio de 2010

Por não ter o que dizer

Se aqui lhe escrevo versos
brancos como sua pele,
assim o faço apenas
por dois simples motivos:
porque a letra me poupa
da imprudência da fala
e por que meu fracasso
em furtar-lhe deve ser,
no mínimo, ritmado.
Mas não façamos disso
um motivo de alarde.
Por mais que eu assim deseje,
seu peito não saberá
a ínfima parte que for
sobre a rima escapada
ou este texto de meu amor.
Por não ter o que dizer,
esta simplicidade
se resume em minha fé
em você não ser triste,
sem propósito ou ambição,
como estas que aqui a cercam.
Procure em si este valor
que tanto me fascina,
que lhe fez minha musa,
que faz do colorido
de sua bela presença
luz no fúnebre escuro
desta minha cegueira.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Experiência

A repetição não faz sentido, é contra o bom senso e é rotineira. Ainda assim, é sempre especial, peculiar ou algo do tipo. Talvez o que segue não será lido, talvez seja. Enfim, não importa, ou talvez não saibamos mais o que importa. No fim, tudo não passou disto.

Experiência

Cruzes e credos cruzam os cruzamentos
de ideias bagunçadas no pensamento
que pensa pensante sobre o tudo e o nada,
nesta reflexão de uma mente acabada...

Mas o momento nem chegou e já foi embora,
mas hoje o dia foge antes que eu conte as horas,
não aguento desculpas para não viver
e engano àquilo que finjo conceber.

Minto para as mentiras e as amizades,
para o prazer, a vida e a felicidade,
ouço inquieto as linhas do obituário

enquanto esperanças se chocam sozinhas,
cruzo cruzamentos carregando a minha
ignorando anos e anos do calendário

terça-feira, 11 de maio de 2010

Sob a perspectiva de um pesadelo

"If I die tomorrow I'd be alright..."
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Sob a perspectiva de um pesadelo


A fé sozinha não mais pode sustentar
minha utopia desta humanidade humana!
Minhas crenças de que o bom pode triunfar
são engolidas pela tua mensagem profana,

E minhas referências são alheias a todos
estes que são tão certos quanto ignorantes,
arraigados às falsas morais do lodo
que gritam e o chamam de lar, agonizantes.

Mas de que vale tão penosa reflexão
posto que eles não a ouvem, nem jamais ouvirão?
Observo as folhas lutarem contra o vento

enquanto os olhos sangram com medo da dor
de ver somente estes tempos sóbrios de horror:
Momentos que não valem tamanho tento.
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"...because I believe that after we're gone, the spirit carries on" - Dream Theater

sábado, 1 de maio de 2010

Entre aspas diversas

As vezes a ausência se torna tão comum, que o meio cheio gera tamanha indecisão... Completo então, é mais do que a cabeça entende, e o coração dispara estranhando tudo, apavorado. Esquisito, somente... Esquisito.

Entre aspas diversas


Herético saber que nega este meu amor,
por que confunde tanto meu olhar cansado?
Não pude esperar por teu instinto acolhedor
socorrer insano o teu futuro amado,

pois ela, a antiga fulana evoluiu!
Não mais é apenas um lindo invólucro de ar.
Ela carrega, lá dentro, infeto covil,
segredos de dor inquietos a esperar...

O peito urge mas a mente repudia,
como pode ser tão bela quanto fria?
A reflexão nega e se torna ofensa,

verga-se a este  meu pensamento ilusório,
entre aspas me prende, vivo no purgatório
com esta imagem que é minha recompensa.