domingo, 25 de agosto de 2013

Futuro revisitado

Construí alguns sonhos inexatos
em espaços vazios do meu futuro:
eram feitos de carvão e caprichos.

Um belo desfile de alegorias
e clichês dos mais variados,
mas eles se atrasaram, de repente,
e, de repente, não soube o que fazer:
tinham data e horário marcados,
tinham imprecisões cansadas
e apressadas a trabalhar incessantemente,
tinham dores nas lombares
e naqueles malditos ciáticos e lutavam,
lutavam desastrosamente contra
os ventos do destino, tão opressor,
que os transformou neste escroto
discurso extravagante - violento
contra as métricas e o ritmo -,
oco, empolado, engasgado numa gargante
esgotada, revoltada, puta e cansada
de tanta estética de mentira
se impondo a quaisquer sonhos que ousamos sonhar para transformá-los nesta espera servil pelo próximo

pesadelo.

sábado, 10 de agosto de 2013

Normal

Mais vezes sim do que não,
certo é desaparecer.
Talvez queira, talvez não,
talvez seja menos claro
do que algo pra por a mão,
mas há dias complicados,
há vozes que não se vão,
há tempos dilacerados
sem porquês pra essa tensão,
e tanta coisa faltando,
bolhas de ar no coração...