domingo, 26 de maio de 2013

Eita que se foi sem querer

Eita que a porta fechou.
Mas fechou mesmo?
Olha lá, porta fechada,
vento barrado, cabeça suja:
vassoura e rodo desaparecidos.
Eita que fechou mesmo,
com tanto vento pra entrar,
tanto calor pra sair,
tanto pó para espalhar.
Fechou por dentro ou por fora?
Fechou sozinha, guri:
a porta da rua é serventia da casa,
e sabes que nunca mesmo
quiseste o contrário.
A porta da rua é serventia da casa...
E o que for pra longe da visão,
dona, vai ficar no coração?
Não, não vai. A porta fechou,
e com o espaço do batente
trouxe o sentimento que,
longe dos olhos,
o coração não sente.