sábado, 24 de abril de 2010

Interpreta-me

Anti-comercial e politicamente incorreto (através de metáforas, é claro)

Interpreta-me

Sou um verso livre, natural e deformado.
Sou um protótipo de cachoeira
Culminado num esgoto de ofensas,
Podre e fétido como estes que interpretam
Minha humilde presença

De todos estes aqui expostos,
Choro pelos renegados que fugiram
Para a batalha pela aceitação do mundo,
Antes que percebessem que o lugar é imundo

De tantas dores, tantos fracassos
Tantos amores, tantos fiascos...
Sou o riacho deformado do São Francisco,
Presumo que sejas tu o imponente Nilo

Mas tu não me subjugas, bastardo.
Teu parto foi longo e doloroso,
Teu sono em putrefação é amargo,
Teus olhos só brilham quando pelo sol cegados.

Ora, interpreta-me aqui, pois nasci
Do nada, e a ele retorno quando quero.
Cresci sozinho, em uma pequena explosão,
E meus olhos se escondem do sol

Para guiar-te na escuridão.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Memórias

A memória incide
impertinente e incoerente.
Os desejos concedidos com o tempo
se tornam meras memórias 
a serem apagadas,
se tornam o mais célebre pesadelo,
a mais oblíqua das madrugadas.


E nada parece proporcionar
o alívio referente ao oblívio,
nem mesmo sei mais 
se lembro tudo que lembro
ou se lembro das confirmações alheias
sobre minhas lembranças.


Ninguém parece conceder
a uma memória
despropositadamente detalhista
a benção de se perder...


O turbilhão de imagens e sons
corroe meu pensamento,
o tornam ineficaz,
me esvaziam aos poucos.


Sinto o sangue esvair 
por cada poro de meu corpo,
ele se mistura com o ar,
num fétido vapor carmesim
de momentos passados
e inconclusivos.


Afinal, são eles
momentos passados mesmo,
ou confirmações alheias 
sobre minhas vivências?

domingo, 11 de abril de 2010

Perseguição celeste


Para encerrar o momento platônico:

Perseguição celesteNegrito

Se tais versos não fossem
caprichos de minha dor,
eles seriam sublimes
para todos que não vêem,
imaginam ou sentem
tal peso excruciante.
Será que minhas formas
são fétidas ou grotescas
a teus pequenos iguais,
impassíveis de meu amor?
Talvez seja você alta,
maravilhosa demais
para que se contente
em exaurir minha luz.
Foges desesperada
de meus gentis abraços...

Ou serei assim mais feliz,
por viver em sua busca,
sem jamais descobrir
que minha querida Lua
não passa de uma pedra
branca jogada nos céus?

sábado, 10 de abril de 2010

Mais

Platonismo...

Mais

De frente para as plantas
ela pousa, serena,
cálida e intrigante,
emana estranha aura
cuja luz e o perfume
absorvem-me num ato
estranho de inerente
dor, repleta do amor
mais incoerente que
sou capaz de conceber.
A dor forma-se pela
ausência de seu toque,
tão sublime quanto meu
prelúdio celestial,
obra na qual é você
a solista mais cara,
mais doce, mais perfeita,
mais minha do que jamais
seria sem estes sonhos...
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quinta-feira, 1 de abril de 2010

Epigramas ou quase isso

Postagem rápida, escondido no PC da faculdade.
Boa pequena leitura. :D

Inexistência

Aclamada liberdade,
Tão pura quanto meu belo amor,
Aquele fictício e ignorante...
E és tão possível quanto ele também.
Cheguei a ti, amada liberdade...
Inexisto.

Epigrama de Aço

Meu trajeto robótico
Tornou-se hoje mais humano:
Umas sorriam, e uma senhora
Pedia canetas aos jovens...

Epigrama Estatal

E minha verdade diz apenas que,
Apesar de todo-poderoso,
O maior entusiasta do biodiesel
Só cansou-se de suas cachaças...
Final de 2009
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