domingo, 30 de maio de 2010

Por não ter o que dizer

Se aqui lhe escrevo versos
brancos como sua pele,
assim o faço apenas
por dois simples motivos:
porque a letra me poupa
da imprudência da fala
e por que meu fracasso
em furtar-lhe deve ser,
no mínimo, ritmado.
Mas não façamos disso
um motivo de alarde.
Por mais que eu assim deseje,
seu peito não saberá
a ínfima parte que for
sobre a rima escapada
ou este texto de meu amor.
Por não ter o que dizer,
esta simplicidade
se resume em minha fé
em você não ser triste,
sem propósito ou ambição,
como estas que aqui a cercam.
Procure em si este valor
que tanto me fascina,
que lhe fez minha musa,
que faz do colorido
de sua bela presença
luz no fúnebre escuro
desta minha cegueira.

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