sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Noventa e dois


Tem alguém em casa?
Exceto pelo teto e o sofá,
sinto que estou sozinho
desde noventa e dois.
Sentei e esperei,
com riscos coloridos
ao redor do calendário,
sua mão chegar junto da minha,
seus lábios tenros
sussurrarem canções de amor
aos meus ouvidos,
nossas pernas se entrelaçarem
no símbolo do infinito...
E não é a primeira vez
que espero a felicidade
chegar quando ela inexiste.
Peco para me convencer
de que o que não foi
só pertence as memórias,
para ter certeza que,
em meus ombros mirrados,
não carrego suas mágoas.
Mas todo o esforço se vai,
quando faço amor com o sofá
e adormeço inquietantemente,
para sonhar em desespero
com minhas mágoas
e seus pecados mal resolvidos.

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